quarta-feira, 11 de setembro de 2024

DURO DE MATAR

Me esqueci do ano, fui ao cinema assistir a estréia do filme Duro de matar.

Após aproximadamente uns trinta minutos de exibição,  escutamos um tiroteio vindo de fora. - Uma mulher gritou:  Meu Deus, chamem a polícia.

- Mas é a polícia que está atirando, respondeu um homem.

- Ai, minha Nossa Senhora, é o fim do mundo, gritou outra mulher.

Ficamos apavorados, não sabíamos o que fazer, como assistir um filme numa situação dessas. E pra sair, o que fazer?

A sessão do cinema foi suspensa, fomos embora  em grupo, saindo pela porta dos fundos.

De repente, um soldado que nos avistou, *com o fuzil apontado para nós*, indagou-nos sobre o que estávamos fazendo ali. Ao ser esclarecido que havíamos saído de um cinema, autorizou a nossa passagem, desde que passássemos pelo canto, devagar. *O fuzil sempre apontado para nós*.

Nos refugiamos próximo à igreja de Santa Cecília, no alto do morro. Dali víamos muitas luzes voando muito rápido em direção ao céu. *Uma mulher novamente gritou, meu DEUS, é o fim do mundo*.

Até que finalmente passou um ônibus. *Mesmo no ônibus, até sair da área de conflito, tivemos de ficar abaixados, sob o risco de sermos apedrejados pelos grevistas, funcionários da CSN*, que cercavam a área em redor do bairro, uma vez que dentro do bairro, as ruas haviam sido esvaziadas pelo exército.

Em casa, contei a história para os familiares, que não deram muita importância.
Nem no trabalho  no dia seguinte, deram importância ao que contei a eles.

Só deram pela coisa, quando o *Jornal Nacional* apresentou uma *reportagem especial* dando um enorme destaque ao ocorrido. Eu e todo o Brasil ficamos sabendo da morte de três grevistas, por armas de fogo disparadas por soldados do exército.

*Juarez*, líder sindical da greve, acabou eleito prefeito de Volta Redonda, não durou muito no cargo,  logo faleceu em seguida num acidente de carro.

Obs:
Atualizado com modificações em 10/09/2024.

Primeiro texto Publicado em 16/07/2006.

https://grandeondafile.blogspot.com/2006/07/volta-redonda-52-anos.html

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