Me esqueci do ano, fui ao cinema assistir a estréia do filme Duro de matar.
Após aproximadamente uns trinta minutos de exibição, escutamos um tiroteio vindo de fora. - Uma mulher gritou: Meu Deus, chamem a polícia.
- Mas é a polícia que está atirando, respondeu um homem.
- Ai, minha Nossa Senhora, é o fim do mundo, gritou outra mulher.
Ficamos apavorados, não sabíamos o que fazer, como assistir um filme numa situação dessas. E pra sair, o que fazer?
A sessão do cinema foi suspensa, fomos embora em grupo, saindo pela porta dos fundos.
De repente, um soldado que nos avistou, *com o fuzil apontado para nós*, indagou-nos sobre o que estávamos fazendo ali. Ao ser esclarecido que havíamos saído de um cinema, autorizou a nossa passagem, desde que passássemos pelo canto, devagar. *O fuzil sempre apontado para nós*.
Nos refugiamos próximo à igreja de Santa Cecília, no alto do morro. Dali víamos muitas luzes voando muito rápido em direção ao céu. *Uma mulher novamente gritou, meu DEUS, é o fim do mundo*.
Até que finalmente passou um ônibus. *Mesmo no ônibus, até sair da área de conflito, tivemos de ficar abaixados, sob o risco de sermos apedrejados pelos grevistas, funcionários da CSN*, que cercavam a área em redor do bairro, uma vez que dentro do bairro, as ruas haviam sido esvaziadas pelo exército.
Em casa, contei a história para os familiares, que não deram muita importância.
Nem no trabalho no dia seguinte, deram importância ao que contei a eles.
Só deram pela coisa, quando o *Jornal Nacional* apresentou uma *reportagem especial* dando um enorme destaque ao ocorrido. Eu e todo o Brasil ficamos sabendo da morte de três grevistas, por armas de fogo disparadas por soldados do exército.
*Juarez*, líder sindical da greve, acabou eleito prefeito de Volta Redonda, não durou muito no cargo, logo faleceu em seguida num acidente de carro.
Obs:
Atualizado com modificações em 10/09/2024.
Primeiro texto Publicado em 16/07/2006.
https://grandeondafile.blogspot.com/2006/07/volta-redonda-52-anos.html